Prazer, Livio Oricchio
Olá amigos.
Há quem goste de pintar quadros, dedicar-se à culinária, jardinagem, ser um colecionador. Outros têm grande prazer em frequentar academias, manterem-se em forma física, realizar caminhadas, praticar dança. Existem os amantes da leitura, pesquisa, produção de conteúdo, como redigir textos, gravar vídeos, ou estudar música, idiomas, viajar.
Mais: alguns se alimentam ao exercer uma atividade em que haja interação com outras pessoas, a exemplo de participar de encontros nos clubes, jogar cartas, jogos de tabuleiro ou realizar trabalho como voluntário, sentir-se útil a uma causa.


Em qual categoria eu me enquadro? É difícil nos limitarmos a uma área apenas do conhecimento humano, em especial para quem, como eu, teve a rara oportunidade de viajar pelo mundo por mais de 30 anos, visitar mais de 60 países e residir em alguns deles.
Mas, claro, sempre há aquelas atividades com as quais mais nos identificamos, geram maior nível de satisfação, essencialmente nos elevam. Você tem razão, têm a ver também com nossas vocações, aptidões, habilidades.
Eu diria que no meu caso a que mais me atrai, me realiza, por vezes emociona, é exercer a profissão que tive a felicidade de escolher e praticar durante 34 apaixonantes anos, de 1987 a 2021: a de jornalista.
É isso mesmo que você leu, o meu hobby, o que me ajuda a dar maior sentido à vida, perceber que estou crescendo – lato sensu –, me desestressa, é correr atrás da notícia, ouvir fontes, pesquisar, ler artigos, livros, redigir reportagens, textos, dentre outras atribuições do jornalismo.
E aqui entra em cena uma frase que ouvi do tenaz professor Damião na Faculdade Cásper Líbero, nos anos 80: “O jornalista é o especialista do geral”. Tão impactante que viria a moldar a minha trajetória profissional.
Nos 22 anos em que trabalhei como correspondente no exterior dos jornais o Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde e Agência Estado, minha maior responsabilidade foi cobrir a Fórmula 1, me deslocando com o evento pelo planeta.
Segui Ayrton Senna de perto, por exemplo, e estava lá em Ímola, na Itália, quando sofreu o acidente fatal, naquele trágico 1º de maio de 1994.
Mas, ao mesmo tempo, produzi conteúdo para as mais distintas editorias. Além do esporte, de modo geral, escrevi sobre ciência – uma grande paixão -, economia, ecologia, arte, tecnologia, explorei efemérides etc.
Depois do Estadão fui para a Globo, em 2014, onde permaneci no GloboEsporte.com até 2020, sempre fora do Brasil. Nas minhas mais de três décadas de jornalismo redigi para mídias de muitos países, como Japão, Holanda, Itália, Inglaterra, Espanha, dentre outros.
Faz quatro anos que regressei da Europa. A última residência foi em Nice, na França, por 12 anos. Nesse tempo de Brasil, aqui nas montanhas da Serra da Cantareira, próximas a São Paulo, pouco produzi como jornalista. Tirei o pé. Precisava de um tempo sem voar cerca de 500 horas por ano e organizar e desarrumar a mala toda semana, nessa aviação insuportável de hoje.
A dedicação intensa à profissão e o reconhecimento alcançado me permitem não depender mais do trabalho como jornalista para viver.
Aproveitei para conhecer melhor o Brasil, seus extraordinários encantos associados à natureza, incompreensivelmente quase não divulgados no exterior: Pantanal Mato Grossense, Lençóis Maranhenses, Arquipélago das Anavilhanas, no Amazonas, dentre tantos outros. O país não tem conhecimento mínimo sequer do seu potencial turístico. Se tem, não explora como poderia.
Agora quero voltar a exercer o meu hobby, ser jornalista. Em essência, para o meu bel-prazer.
É por isso que criei esse espaço, ajudar a manter-me mais ativo intelectualmente, ao produzir aquilo que me vem à mente, a respeito dos mais variados temas, sem policiamentos, obrigações, limitações de tamanho. E, claro, compartilhar com quem desejar. Se houver interessados.
Sem presunção, a pluralidade das culturas que experimentei me autoriza a abordar, com humildade, assuntos diversos.
Uma das abas desse espaço é “Minhas histórias”. Acredite, amigos, são muitas vivenciadas nessa vida itinerante pelo mundo, de toda natureza: comoventes, alegres, tristes, ousadas, inspiradoras, heroicas, tudo de grande aprendizado. Aliás, aprender é o que mais me gera prazer.
Para resumir, serei aqui um soldado do Professor Damião, “um especialista do geral”, na contramão do que o universo da comunicação mais pratica hoje e é recomendado: concentrar-se em uma área específica e com textos curtos, concebidos dentro do conceito do Search Engine Optimization (SEO), uma afronta ao jornalismo acadêmico. Com todo respeito, mas nada a ver com o meu entendimento de como repassar ao leitor a mensagem que desejo, absorvido na universidade e desenvolvido, com sucesso, no exercício da profissão.
Obrigado e grande abraço, amigos.
